terça-feira, abril 04, 2006

 

Querem comprar Amazônia

"Máfia verde" que comprar a Amazônia
O caráter neocolonial do movimento ambientalista-indigenista internacional já não consegue mais ser ocultado por trás das supostas boas intenções dos mentores e militantes do movimento. A cada dia, emergem novos fatos que evidenciam a natureza política, misantrópica e antidesenvolvimentista de grande parte das iniciativas de “proteção do meio ambiente”, em especial as referentes à Região Amazônica. Dois deles, divulgados na semana passada, são emblemáticos.
Em 19 de março, o jornal londrino The Sunday Times publicou uma reportagem com o sugestivo título “É minha floresta, agora. Sem mais exploração de madeira” (reproduzida n’O Estado de S. Paulo do dia 21 com o título “Ricos criam o colonialismo verde”). O texto se refere a uma nova “moda” de milionários britânicos, que estão comprando grandes extensões de terras em países do Terceiro Mundo, para “impedir que as árvores sejam cortadas”.
O jornalista Maurice Chittenden, autor da matéria, afirma que essa é uma manifestação de uma crescente tendência rumo a um “colonialismo verde”. Segundo ele, “é uma ruptura com os métodos que têm caracterizado o movimento conservacionista internacional nos últimos 50 anos. O enfoque tradicional se baseava em agências e organizações benemerentes incentivando governos de países em desenvolvimento a reservar terras públicas para criar parques nacionais e reservas naturais. Agora, indivíduos e organizações estão assumindo diretamente a responsabilidade pelas terras”.
Um dos casos citados é o do empresário Johan Eliasch, executivo-chefe da empresa de equipamentos esportivos Head, que comprou de uma empresa madeireira, por cerca de R$ 30 milhões, uma área de 160 mil hectares ao norte do rio Madeira (maior que o município do Rio de Janeiro) e a está oferecendo para pesquisas científicas sobre a fauna e espécies vegetais com potencial valor medicinal.
Empolgado com sua façanha, Eliasch está fazendo campanha para que créditos de carbono sejam concedidos a “conservacionistas” como ele, para que possam comprar mais terras. Além disso, está sugerindo que companhias de seguros façam investimentos semelhantes ao seu, na escala de bilhões de dólares.
Por suas afirmativas, pode-se ver que ele se considera um benemérito da humanidade, embora um tanto ignorante dos fatos científicos: “A Amazônia é o pulmão do mundo. Ela proporciona 20% do oxigênio e 30% da água doce do mundo. Você pode traçar uma correlação direta entre o corte de árvores que absorvem dióxido de carbono e o aquecimento global e as condições (atmosféricas) extremas que levam a furacões como o Katrina.”
Em seguida, sugere: “Em teoria, talvez se possa comprar a Amazônia por 50 bilhões de dólares. E sairia bem barato, porque um furacão como o Katrina custaria a elas (seguradoras) uma quantia semelhante em indenizações.”
Eliasch não é um mero milionário excêntrico ou em busca de propaganda “politicamente correta” para suas atividades empresariais, mas está vinculado aos altos círculos do Establishment político do Reino Unido. Além de vice-tesoureiro do Partido Conservador, ele é assessor de William Hague, o “chanceler-sombra” (denominação dada ao responsável pelos assuntos internacionais no principal partido oposicionista), e dirigente do Centre for Social Justice, um dos principais think-tanks dos conservadores britânicos.
Outro “benemérito” citado é o holandês Paul van Vlissingen, cuja família controla a rede atacadista Makro, que fundou na África do Sul a empresa African Parks Management and Finance Company, para assumir o controle de uma rede de parques nacionais em países da África Subsaariana. Van Vlissingen, que tem uma doença terminal, já gastou até agora 15 milhões de libras esterlinas (R$ 57 milhões) em tais atividades. Segundo uma reportagem da BBC (16/03/2003), sua iniciativa tem o apoio do Departamento de Estado dos EUA e do Banco Mundial.
Por outro lado, a revista Nature publicou um novo estudo alarmista sobre a “destruição” da floresta amazônica, segundo o qual 40% dela poderão desaparecer até 2050 se nada for feito para conter o avanço da fronteira agrícola. Não com surpresa, um dos cabeças do trabalho é o biólogo Daniel Nepstad, do Woods Hole Research Center dos EUA e sua filial brasileira, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), já conhecido dos leitores do Alerta Científico e Ambiental. Desde a fundação do IPAM, em 1995, Nepstad e seu grupo têm se destacado entre as principais fontes de divulgação de trabalhos baseados em esdrúxulos modelos matemáticos computadorizados para dar um verniz de credibilidade científica às afirmativas catastrofistas sobre a devastação amazônica.
O novo estudo bate na mesma tecla, afirmando que, em um cenário “business as usual”, a floresta tropical amazônica sofreria até 2050 uma redução de 5,4 milhões para 3,2 milhões de quilômetros quadrados nos nove países onde se encontra. Isso provocaria uma perda de dois terços da cobertura vegetal em seis bacias hidrográficas e emissões de carbono equivalentes a quatro anos do total de emissões mundiais.
Porém, Nepstad e sua equipe propõem uma alternativa, que chamam o fator “governança”. “Simplesmente implementando a lei ambiental atual seria possível evitar 1 milhão de quilômetros quadrados de desmatamento”, disse ele à Folha de S. Paulo (23/03/2006). Ou seja, o dispositivo de reserva legal seria respeitado pelos produtores, a pavimentação de novas rodovias seria feita segundo critérios de proteção ambiental e o programa de criação de unidades de conservação na floresta seria plenamente implementado. Para tanto, afirma, seriam necessárias “pressões de mercado” por carne e soja ambientalmente corretas.
Da mesma forma, ele propõe um casamento entre a proteção da Amazônia e o comércio de créditos de carbono estabelecido pelo Protocolo de Kyoto: “Todo o Protocolo de Kyoto prevê a redução de 2 bilhões de toneladas. Cumprir a lei na Amazônia evita 17 bilhões. É uma oportunidade gigantesca para o Brasil.”
Para ele, a comunidade internacional deveria bancar essas emissões evitadas, pois o Brasil estaria deixando de lucrar domesticamente, deixando de explorar a floresta, para “prestar um serviço ao planeta” com a estabilização do clima.
A única coisa que se pode dizer é que, pelo menos, esses colonialistas pós-modernos não escondem o jogo. Cabe, pois, aos brasileiros, recusar as cartas marcadas.
Créditos http://www.alerta.inf.br/index.htm

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